No último dia 08 de fevereiro, o Festival Sensacional! realizou sua edição de 10 anos em um festival com mais de 12 horas de festa entre mais de 30 atrações! O evento aconteceu em Belo Horizonte e nem a chuva conseguiu acabar com a festa. Artistas como Emicida, Pabllo Vittar, BaianaSystem, MC Tha, Elba Ramalho e Chico César subiram no palco armado na Esplanada do Mineirão.

Liniker. Foto: Denise Santos/Área de Serviço

O Mapa dos Festivais trocou uma ideia com o músico Diego Schütz, tecladista da banda instrumental gaúcha Trabalhos Espaciais Manuais (TEM, para os mais íntimos). Nessa entrevista, Schütz nos contou como foi sua experiência no festival, quais os shows que ele mais gostou e também falou sobre a importância dos festivais de música independente para o cenário musical brasileiro. Confira a seguir:

Foto: @viniangeli / @fossocoletivo

Foi a primeira vez que tu esteve no Festival Sensacional?

Sim, foi a primeira vez. Fiquei sabendo do festival uns 2 ou 3 meses antes dele acontecer porque uma amiga comentou comigo e disse que ele era muito barato! Eu achei o lineup absurdo porque tinham nomes da cena independente brasileira que tão bombando. O ingresso do primeiro lote tava custando R$ 25, aí a gente demorou um pouco e mesmo assim só pagamos R$ 50.

O que te motivou a sair de Porto Alegre e ir até Belo Horizonte? Foi o festival?

Sim, foi o festival! Os valores acessíveis e o lineup foram o diferencial e foi o que nos motivou a ir. A época é muito boa porque nessa época a galera universitária tá de férias – assim como eu também, sou professor no município de Canoas/RS. A sacada é muito boa porque é um festival de verão que precede o carnaval, mas não confronta festivais de carnaval e de final de ano, já que são vários. Além do preço, porque um festival nesse estilo e com esse lineup geralmente custa uns R$200 ou R$300 reais. Aí foi isso, decidimos ir para Belo Horizonte por conta do festival e, a partir disso, fizemos passeios para conhecer a cidade. 

Qual foi o melhor show, na tua opinião? 

Difícil de dizer porque rolaram vários shows muito bons, mas eu posso falar de dois: um foi o da Liniker com o Johnny Hooker, que me surpreendeu, porque, por mais que eu ache legal, são dois trabalhos que eu não escuto muito, mas me surpreendeu porque o show foi muito bom. A Liniker canta muito bem, a banda manda muito, com arranjos absurdos, e o Johnny Hooker também mandou demais e ele tem uma presença de palco muito boa. 

Outro show que eu destacaria é o da Elba Ramalho, que foi um absurdo! Que mulher, que presença de palco! Ela tocou os hits, mas com arranjos muito massas e a banda que acompanha ela é incrível, enorme. Foi um baile-show, a galera tava toda dançando, tinha gente dançando juntinho, foi demais. Então se eu tivesse que escolher um melhor show, talvez seja o da Elba Ramalho, mas o da Liniker com o Johnny Hooker foi o mais surpreendente.

Chico César e Elba Ramalho. Foto: Victor Schwaner/Área de Serviço

O festival tinha isso de vários shows em parceria. O da Elba, por exemplo, ela tocou uma meia hora e aí chamou o Chico César, que tocou uma música sozinho com a banda e depois, no final, eles tocaram juntos, mas eu não vi porque tinham dois palcos com shows concomitantes e eu queria ver o show do Emicida, que ia ter participação da Pabllo Vittar. Aí rolou isso, não tinha como ver tudo porque eram muitas atrações ao mesmo tempo. Mas aí foi isso, rolaram esses shows que eu gostei muito e teve o da BaianaSystem, que foi o show final e que foi um absurdo, mas eu já tava mais cansado e o último disco eu não curti tanto quanto os outros, mas os shows deles são sempre sensacionais e acredito que os festivais devem procurar muito eles para fazerem o show de encerramento porque é uma experiência sonora, visual e de presença de palco que, ao meu ver, ninguém faz igual aqui no Brasili. Mas eu sempre digo que os dois melhores shows que eu vi na vida foram os dois do Baiana que rolaram no Opinião, em Porto Alegre/RS.

Teve alguma banda que tu descobriu lá no festival e que te chamou atenção?

Teve uma que eu já conhecia, mas que me chamou a atenção porque não é uma banda que eu curto muito, mas que o show foi muito bom, foi o da Graveola. Eles fizeram um showzaço, tocam muito bem e têm uma baita presença de palco, e aí eles chamaram dois blocos de carnavais – Chama o Síndico e Então Brilha – e foi uma sonzeira, com big band, uma galera. Então foi surpreendente porque, por mais que eu não curta tanto, sei que é algo que é muito bem feito e foi massa, até pra ver que a gente tem uma cena independente com artistas muito interessantes.

Teve uma banda que fez um baita show e eu só conhecia de ouvir falar foi a Biltre, que é uma banda que eu não ouço mas que os caras mandam muito ao vivo e, ainda por cima, teve participação da Letrux, aí foi muito afudê! Então acho que das bandas que eu não conhecia e vi pela primeira vez e que mais me chamou a atenção foi a Biltre mesmo.

Tu já conhecia a cidade? O que tu acha de lá?

Não conhecia, foi a primeira vez que eu fui pra lá e a cidade é incrível. Vários rolês baratos pra comer, beber, e a galera de lá é muito gente fina. Os motoristas de aplicativo, os donos dos bares, todo mundo, então isso foi demais. Outra coisa massa sobre o festival e que eu lembrei agora é que tinha tradução pra libras em absolutamente todos os shows! E era uma tradução mais performática e bem integrada aos shows.

Foi tranquilo de encontrar um local para ficar?

A gente foi pelo couchsurfing e foi tranquilo, mas na real não fui eu quem procurou, foi a minha amiga, que já tinha perfil com eles e achou um lugar que foi massa de ficar.

Tu já conhecia o Mapa dos Festivais?

Já ouvi falar, sim. Tenho visto a galera falar bastante e postando sobre, mas não sabia exatamente o que era, acredito que seja um lugar que mapeia todos os festivais de música pelo Brasil, o que eu acho muito massa. Curiosamente, no vôo que a gente pegou pra Belo Horizonte, na revista da companhia aérea tinha uma matéria enorme que falava sobre os festivais de música independente do Brasil e sobre como isso tá crescendo cada vez mais e que nos últimos anos o número de festivais triplicou. Inclusive, o Russo Passapusso (BaianaSystem) já comentou que 60% da renda do Baiana vem dos festivais de música. Existem muitos artistas independentes que não tem força pra fazer shows solos nas suas cidades, mas juntos conseguem movimentar muita gente.

E qual é o teu próximo festival?

Meu próximo festival vai ser o MorroDália, no carnaval, até porque eu vou tocar. E acho até que a primeira vez que eu fui num festival só pra ir e curtir foi, justamente, no Festival Sensacional, porque geralmente eu vou pros festivais pra tocar com a Trabalhos Espaciais Manuais, como já rolou no Pira Rural, Psicodália e Pepsi Twist Land.

Trabalhos Espaciais Manuais no MECA Maquiné por @viniangeli | @fossocoletivo

Diego Schütz é músico e educador musical. Participa majoritariamente de projetos autorais como Trabalhos Espaciais Manuais, Cecé Pássaro e Neto, além de trabalhar na rede de educação pública de Canoas/RS.