A Presença Feminina nos Festivais de Música

A cada ano que passa, março, o mês da mulher, tem chegado com mais força quando falamos de debates de representatividade de gênero. Cada vez mais as mulheres têm procurando ocupar um espaço de ação e de fala para lembrar que não querem ser lembradas apenas durante um mês, mas todos os dias. Porém, ainda assim, muitos dos eventos que acontecem durante o mês acabam girando em torno dessa temática, o que serve como respaldo para que as mulheres possam falar mais alto a fim de serem ouvidas. 

Xênia França no Festival Psicodália por Nicolas Pedrozo Salazar | @fossocoletivo

Dentro da música, o gênero feminino vêm ocupando cada vez mais o posto de headliners em festivais e o topo das listas dos melhores discos de cada ano. Pensando nisso, analisamos o estudo desenvolvido pela produtora  Thabata Arruda, criadora do projeto Ouça Música Independente.

Em seu estudo, Thabata analisou a presença feminina nos festivais brasileiros entre os anos de 2016 e 2018. O estudo mostra que o sonho dos festivais brasileiros com lineups 50/50 ainda está bem distante. Por exemplo, de acordo com um estudo desenvolvido pelo veículo Pitchfork, 20 grandes festivais de música foram analisados de maneira profunda para verificar a participação feminina nos lineups comparando os anos de 2017 e 2018. Dentre todos os dados obtidos por eles, foi possível perceber, dentro daqueles festivais, que a presença feminina passou de 14% para 19%. 

Já no Brasil, Thabata analisou 1972 bandas e artistas presentes nas programações de 76 festivais entre os anos de 2016 e 2018.

 “Observando na amplitude é possível notar que ao longo desses três anos a participação de mulheres (estamos considerando solistas e bandas compostas somente por mulheres) não ultrapassa a margem de 20% em cada um dos anos: 15% em 2016, 15% em 2017 e 20% em 2018. Se considerarmos as bandas mistas (onde consta pelo menos uma mulher) esses números podem chegar até 30%. Ainda que isso demonstre um crescimento, quando analisamos de maneira isolada os festivais, alguns não saem do 0%.”

Duda Beat no Festival Rock The Mountain por @ihateflash

Notou-se que os festivais de gêneros específicos, como o rock, possuem uma representatividade feminina quase nula. Porém, outros festivais mostraram uma diversidade maior nos lineups. Porém, “nenhum dos 76 festivais alcançaram o 50/50 de equidade de gênero. Foi possível perceber também que apesar de alguns números otimistas de avanços, as bandas compostas somente por mulheres não passam dos 10% e mulheres como atrações principais e destaque também são bem raras nas comunicações visuais.”

Para conferir a análise completa realizada por Thabata, clique aqui – sério, clica mesmo, vale a pena.

Larissa Luz no Festival Rec-Beat por Hannah Carvalho | @fossocoletivo

Dados como esses inspiraram produtoras, artistas e mulheres atuantes na cena musical a investirem em festivais de música com enfoque na questão de gênero. Destacamos aqui três festivais que acontecerão em março onde as mulheres estarão em evidência:

Women’s Music Event

Onde: Centro Cultural São Paulo (CCSP) – São Paulo/SP

Quando: 27 a 29 de março de 2020

Valores: R$30 a R$170

Pelo quarto ano consecutivo, a plataforma de música, negócio e tecnologia Women’s Music Event leva a sua conferência para o CCSP. Estão programadas várias atrações surpresas costurando os conteúdos da programação, que atrai cada vez mais profissionais da indústria da música e curiosos sobre o assunto. Entre os painéis, workshops e shows, mais de 100 mulheres falarão sobre temas como podcast, tendências de consumo de música, sustentabilidade em eventos, tecnologia x saúde mental, tendências dos festivais brasileiros, entre outros assuntos que permeiam o universo da música, da tecnologia e negócios.

Saiba tudo sobre o festival, inclusive onde se hospedar e como chegar no site do Mapa dos Festivais.

Festival G

Onde: Bar e Restaurante Vereda Tropical – Florianópolis/SC

Quando: 28 e 29 de março de 2020

Valores: R$60 a R$140

Com um line up 100% feminino, o festival G surge com a idéia de botar a mulherada em todas as funções pra realizar o mesmo, tanto à frente do palco, quanto nos bastidores. O festival quer incentivar as mulheres não só a estar presentes no palco, mas também na técnica e a aprender sobre as diferentes áreas de produção de um festival.

Saiba tudo sobre o festival, inclusive onde se hospedar e como chegar no site do Mapa dos Festivais.

GRLS!

Onde: Memorial da América Latina – São Paulo/SP

Quando: 07 e 08 de março de 2020

Valores: R$110 a R$1400

O inédito festival GRLS! leva ao Memorial da América Latina shows nacionais e internacionais, além de workshops e palestras para celebrar a presença da mulher na música, artes e entretenimento. Com curadoria da plataforma Popload, o festival será feito por mulheres e pessoas não-binárias. Tudo para fomentar a discussão a respeito de gêneros e o lugar da figura feminina dentro desses espaços. As palestras e oficinas contarão com nomes como Isis Vergílio, produtora cultural e colunista da revista Marie Claire, e Renata Simões, jornalista, apresentadora, atuando como curadoras. 

Saiba tudo sobre o festival, inclusive onde se hospedar e como chegar no site do Mapa dos Festivais.

Letrux no Festival Uneversos por Julia Assis | @ihateflash

Também destacamos aqui alguns festivais que não tem o foco na programação feminina, mas são dirigidos por mulheres comprometidas em trazer a presença feminina não só na programação musical, mas como em todas as áreas do Festival:

No Ar Coquetel Molotov

Dirigido por Ana Garcia, é um dos primeiros festivais brasileiros a receber o selo Keychange (iniciativa européia de festivais que se comprometem em equalizar o lineup de seus eventos) e a treinar a equipe contra assédio

Há 16 anos o Festival No Ar Coquetel Molotov realiza edições ininterruptas e conta com mais de 200 shows no currículo, entre atrações locais, nacionais e internacionais. Também já foram realizadas edições do festival em outras cidades,como Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza.

SIM São Paulo

Dirigido por Fabiana Batistella, a maior conferência de música da América Latina conta com a maioria da equipe de produção e comunicação feminina, além de garantir que praticamente todas as mesas e showcases tenham presença de mulheres. A feira de negócios está se encaminhando para seu oitavo ano e sempre conta com cinco dias de programação, onde a capital paulista vira ponto de encontro de profissionais do indústria musical como donos de festivais e selos, programadores, curadores, distribuidoras, plataformas digitais, influenciadores e artistas.

Mulamba no Festival Morrostock por Nicolas Pedrozo Salazar | @fossocoletivo

Outros festivais com direção feminina que você precisa conhecer, reverenciar e apoiar:

Ana Morena – DoSol – Natal/RN

Luciana Simões – Festival BR135 – São Luis/MA

Carol Morena – Radioca – Salvador/BA

Ana Penteado – Vento Festival – São Paulo/SP

Andreia Sabino – Arvo Festival – Florianópolis/SC

Sara Loiola – Festival Yalodê – Brasília/DF

Mari Martinez – Morrostock – Santa Maria/RS

Carol de Amar – Festival Sarará – Belo Horizonte/MG 

Jaqueline Fernandes – Latinidades – Brasília/DF

Lú Araújo – Mimo Festival – Olinda/PE

Paula Abreu – Summer Stage – NYC

Heloisa Aydar – Virada Cultural – São Paulo/SP

Kátia Abreu – Big Dia da Música – São Paulo/SP

Renne Chalu – Se Rasgum – Belém/PA

Elza Soares no Coala Festival por Luz Vermelha | @fossocoletivo

Nós achamos é pouco! Tá sentindo falta de algum festival de mulheres ou liderado por mulheres no Mapa dos Festivais? Manda o cadastro aqui ou nos escreve no [email protected] 

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